Uma reportagem publicada na revista 7 Dias com Você desta semana sugere que a mudança de hábitos alimentares ajudaria a combater e até prevenir problemas nas articulações. Partindo desse princípio, a revista relaciona os nutrientes que mais beneficiariam o sistema musculoesquelético, formado por ossos, músculos, tendões, cartilagens e ligamentos.
Nessa lista figuram o cálcio e a vitamina D, que, quando em níveis baixos, segundo o texto, contribuiriam para aumentar em três vezes o risco de artrite, assim como o ômega-3, a proteína de origem animal e os carboidratos integrais, apenas para citar alguns. Nem tudo, porém, funciona da forma como se apregoa, simplesmente porque tais alimentos não têm essa capacidade de impedir o desenvolvimento de doenças que afetam as articulações, quaisquer que sejam suas causas, segundo o coordenador da Comissão de Osteoartrite da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), o reumatologista Francisco Airton da Rocha.
Ele diz que não há nenhuma evidência concreta de que o ômega-3 previna realmente alguma doença, muito menos de que a ingestão de cálcio seja capaz de evitar danos nas juntas. “Na verdade, ingerir uma quantidade média de 1 g de cálcio por dia, o que equivale a consumir um litro de leite, é útil para a massa óssea, o que não necessariamente quer dizer articulação”, explica. A vitamina D também tem papel importante na formação de ossos fortes, mas o reumatologista argumenta que a maior fonte do nutriente é o sol incidindo sobre a pele.
O que se consegue pela alimentação, a exemplo de peixes e moluscos, como sugere a reportagem, é muito pouco, garante Rocha, em comparação com o que naturalmente nossa pele produz como resultado da ação dos raios solares. “Quinze minutos de exposição ao sol, incidindo em 30% de área corporal, parecem ser o bastante”, recomenda o médico, acrescentando que quem vive em cidades ensolaradas, como as do Ceará, e não fica enclausurado, já tem garantida a sua cota diária da vitamina.
A revista ainda indica o consumo de proteína animal para fortalecer o sistema musculoesquelético, com o que Rocha concorda, mesmo achando a dica um tanto óbvia. “A proteína de origem animal contém alguns aminoácidos essenciais, que nosso organismo não fabrica e que não estão disponíveis na totalidade nos vegetais”, esclarece. Outra recomendação já bastante conhecida é o consumo parcimonioso de carboidratos para evitar excesso de peso corporal, que causa impacto nas articulações. Pelo sim, pelo não, Rocha aproveita para enfatizar que uma dieta frugal e variada, com pouca gordura animal, vegetais, azeite de oliva, alimentos frescos tanto quanto possível e, de fato, com poucos carboidratos, ou açúcares, é tudo que se precisa para a manutenção da saúde global, incluindo as articulações. “Além da alimentação, é importante gostar da vida, sem se esquecer de outros quesitos básicos, como ter momentos de lazer, namorar e manter alguma atividade intelectual – não necessariamente nessa ordem”, enumera o médico. O resto, diz, fica com a biologia.